quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Um projeto terapêutico para Nina





Projeto Terapêutico
Apresentação do sujeito: Nina é uma bailarina de 23 anos, solteira, mora com sua mãe na cidade de Nova Iorque e nunca conheceu seu pai. Dança balé profissionalmente e teve um surto quando se tornou a bailarina principal de sua companhia. Trabalha-se com a hipótese diagnóstica de esquizofrenia paranóide em virtude das alucinações persecutórias e dos delírios apresentados pela bailarina. Os sintomas iniciaram desde que Nina começou a estudar para encenar uma de suas personagens Odile, o cisne negro, pois ela não conseguia evocar a malícia e sensualidade da personagem.
O acompanhamento terapêutico (at) é uma modalidade de atendimento clínico caracterizado pela prática de saídas pela cidade e por estar ao lado da pessoa com sofrimento mental a fim de criar um guia terapêutico que possa articulá-la na circulação social dentro de seu contexto histórico. O at tem como objetivo terapêutico a inclusão social, é uma clínica em movimento que procura desinstalar o sujeito de sua situação de dificuldade a fim de recriar algo de novo em sua condição, é um processo de reinvenção que se dá a partir da própria condição do indivíduo acompanhado (PITIÁ e FUREGATO, 2009).
O acompanhamento terapêutico foi indicado para Nina pela equipe de saúde mental que a atendeu no hospital para o qual foi encaminhada logo após o fim de seu espetáculo, o Lago do Cisnes. Ela chegou ao local com um corte em seu abdômen gritando que tinha matado sua colega de companhia, pois ela queria roubar seu papel, Lily seria substituta caso algo lhe acontecesse. A paciente dizia que todas as pessoas queriam seu papel, inclusive sua mãe estava contra ela. Quando interpelada sobre os sinais de unhas em sua costa, disse que eram as penas dos cines que estavam aparecendo agora que ela tinha finalmente compreendido as personagens cisne branco e cisne negro.
O encontro entre a at e Nina se deu inicialmente no hospital onde estava internada para se recuperar da lesão que ninguém sabe ao certo como foi provocada. A at se apresentou a ela e sua mãe que era sua única companhia e que nunca saía ao lado de Nina explicando a ambas que seu objetivo era auxiliá-la a retomar suas atividades diárias e reduzir seu sofrimento, de tal modo que ela pudesse continuar na companhia executando seu trabalho, porém sem se machucar ou sem ferir alguém.
A at propôs a Nina que inicialmente elas poderiam começar retomando os ensaios dela com a companhia visto que nos últimos meses ela estava ensaiando sozinha, pois se sentia muito incomodada e criticada pelas pessoas. A at lhe disse que caso ela se sentisse muito desconfortável poderiam ir embora ou a at poderia lhe acompanhar durante parte de seu ensaio. Como seus últimos meses tinham sido muito exaustivos devido as horas incessantes de ensaio, elas poderiam fazer atividades das quais ela gostasse. Como ir a uma livraria e tomar um café, caminhar pelo parque, ir ao cinema, ao teatro, sair para dançar, ou simplesmente ficar em sua casa e conversarem. O importante era Nina compreender que a at se colocava a sua inteira disposição para ajudá-la nesse instante difícil e com o tempo ela poderia retomar sua vida normalmente. O atendimento se daria a noite ou em horários que fossem bons tanto para at quanto para Nina de tal modo que sua rotina de trabalho não fosse prejudicada.
A at perguntou a Nina e sua mãe se concordavam com esta proposta e caso não vissem nenhum problema poderiam assinar o contrato de trabalho no dia seguinte e iniciar o acompanhamento logo após a saída dela do hospital.
Referência Bibliográfica
PITIÁ, Ana Celeste A e FUREGATO, Antonia Regina F. O Acompanhamento Terapêutico (AT): dispositivo de atenção psicossocial em saúde mental. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832009000300007>. Acessado em: 04/11/2011.
Projeto terapêutico da aluna Ana Cristina Jesus de Oliveira - turma 2011

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